Estudos apontam que quase a totalidade dos óbitos por suicídio estão associados a um transtorno psiquiátrico que não foi tratado adequadamente ou sequer identificado e acompanhado.

Por isso resolvi tocar nesta ferida. Pessoas que vivem com diabetes e seus cuidadores devem estar atentos à saúde mental. Tanto as pessoas que enfrentam o diabetes na pele, como seus familiares que ficam noites seguidas sem dormir em paz, precisam cuidar da mente para prevenir ou diagnosticar precocemente doenças mentais que poderão prejudicar o cuidado e o tratamento do diabetes. Não há problema em pedir ajuda. Pelo fim do estigma. Então vamos falar sobre Suicídio e o Diabetes neste post!
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), lança neste mês, a campanha nacional Setembro Amarelo® 2020: “É Preciso Agir”. A ideia é trazer informações para a conscientização, a desmistificação e a prevenção do suicídio. É preciso agir o quanto antes para diminuir os números de casos em todo país.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada 40 segundos, uma pessoa morre por suicídio no mundo. Em termos de numéricos, calcula-se que aproximadamente um milhão de casos de óbitos por suicídio são registrados por ano em todo o mundo.
No Brasil, os casos passam de 12 mil, mas sabe-se que esse número é bem maior devido à subnotificação, que ainda é uma realidade. Desse total, cerca de 96,8% estão relacionados a transtornos mentais, como por exemplo, depressão e transtorno bipolar. Esse cenário serve de alerta para que a saúde mental seja um tema importante para a saúde pública.
Diabetes e Suicídio
O Diabetes é uma doença crônica que dura muitos anos. A partir do diagnóstico, temos uma longa jornada até a aceitação da doença e o consequente tratamento adequado. Posso dizer por experiência própria que esta é uma viagem que dura uma vida inteira. Com uma rotina diária envolta em cuidados e atenção para manter a glicemia sob controle, a fim de evitar as complicações, muitos acabam se sentindo exaustos, impotentes e sem esperanças de que, um dia, conseguirão viver bem, com qualidade de vida e sem o peso do diabetes.

A questão da assistência integral à pessoa com diabetes, que envolve a assistência de profissionais ligados à saúde mental, é algo que geralmente não damos muita bola.
“- O que eu vou falar para o psicólogo? Estou bem, só não consigo controlar o meu diabetes”.
Frases como esta que ouvimos por aí revelam que pode haver mais do que negação à condição, mas o início de um processo de luta interna que atinge nossa saúde mental. O cansaço por ter uma doença crônica pode nos levar especialmente à depressão.
Já ouvi histórias de pessoas com diabetes tipo 1 que cometeram o suicídio. Felizmente, não muitas. Já conheci pessoas com o diabetes tipo 2 que acabam com sua própria vida por não tomarem a insulina ou os medicamentos, por não irem ao médico com a frequência necessária, por não cuidarem do diabetes. É um suicídio lento em que toda a família sofre presenciando a a negação da doença diariamente. Fazer pouco ou quase nada para cuidar do diabetes, a meu ver, é também uma forma de suicídio. Leia mais sobre o tema aqui:

Como prevenir o suicídio em pessoas com diabetes?
Uma das primeiras coisas que gostaria de destacar é o papel do médico que assiste a pessoa com diabetes. Ele precisa estar sempre atento e treinado a identificar episódios de depressão ou de qualquer outro transtorno mental. Endocrinologistas e psicólogos deveriam trocar informações com o profissional da saúde mental para manter o acompanhamento apropriado do paciente, principalmente daquele que foi internado devido a uma tentativa de suicídio ou por negligência grave ao tratamento. Aos cuidadores de crianças e jovens, não subestimem a capacidade que um profissional de saúde mental tem em assistir o paciente com diabetes quer numa crise ou de forma regular. Não somos máquinas.
Como identificar o risco de suicídio?
Lendo as informações sobre o mês da Prevenção ao Suicídio no site www.setembroamarelo.com.br, percebi que alguns fatores de risco para o suicídio podem estar relacionados a quem tem diabetes. Recomendo que leiam e que fiquem atentos. Eu acho importante falar sobre suicídio de maneira responsável e com base em informações corretas. Isso poderá ajudar a salvar vidas.
Para saber mais sobre a campanha, acesse: http://www.flip3d.com.br/web/pub/cfm/index9/?numero=14