Olá Pessoal,
Fico pensando em tudo o que aconteceu na minha vida desde o início do período de isolamento social provocado pela pandemia do COVID-19. Já se passaram quase 6 meses que estamos convivendo com a pandemia do novo coronavírus no Brasil e em todo o mundo. Muita coisa mudou de meados de março para cá. Tenho tentado cumprir as recomendações. Algumas são fáceis, outras nem tanto. Relacionei as orientações do Hospital Oswaldo Cruz para contar como tenho agido nestes tempos tão difíceis. Espero que meu relato ajude você!
Glicemia – Tenho procurado manter um bom controle da glicemia. Recentemente decidi investir no upgrade da minha bomba de insulina e a conseguir os insumos necessários para dar continuidade ao monitoramento contínuo. Acompanhar a glicemia e tomar as atitudes certas é o que determina um bom controle glicêmico ao longo do tempo. Mas isso não é fácil. Estamos em isolamento e precisamos nos preocupar em manter a atividade física e reduzir a ansiedade que poderá causar aumento da compulsão por comidas e consequente aumento do peso. Com excesso de peso enfrentaremos também outro problema que é a resistência à insulina. Meu exame de Hemoglobina glicada mais recente deu uma subida: de 6,7 para 7,2%. Isso não é bom mas estou determinada a retomar os índices que mantinha antes da pandemia.
Medicamentos – A recomendação é não fazer estoques de insulina. Confesso que nesse item, presumo que pensem que a gente compraria ou iria tentar manter estoques para muitos meses. Temos uma doença crônica e precisamos de insulina todos os meses. Então…não tem como não nos preocuparmos em manter um estoque que nos garanta a menor exposição possível ao risco de contrair a doença. O mesmo acontece para os insumos da bomba de insulina. Por processo judicial, com a demora em todo o trâmite jurídico, não é possível pedir insumos para um ou dois meses somente. Peço sempre para 3 meses e mesmo assim, desta última vez quase fiquei sem cateteres e sensores para continuar a usar a bomba e o seu monitoramento contínuo. Creio que temiam por um desabastecimento, o que de fato não ocorreu. Graças a Deus!
Fique em Casa – Tenho procurado atividades em casa para me ocupar. Faço cursos online, redecorei minha casa, participo de lives, venho trabalhando como jornalista em home office, enfim…continuo produtiva no ambiente doméstico. Evito ir ao supermercado e a frequentar ambientes com aglomerações. Bloqueei minha academia até outubro já que ainda não sinto segurança de que a situação esteja sob controle. Prefiro me deslocar pela cidade de carro e não usar o transporte público. Não saio sem máscaras e ando sempre com álcool gel para limpeza frequente. Não consegui ficar sem andar de bicicleta nas ruas do bairro. A sensação é muito boa e me ajuda a manter a atividade física e a mental. Procuro trajetos calmos em ruas vazias. Parece que estamos vivendo uma guerra, cheia de preparativos para sair na rua. Mas precisamos continuar atentos.
Visitas – O isolamento social é algo que definitivamente me afeta bastante. Gosto de pessoas, de conversar, de rir junto de alguém. Gosto de sair para encontrar pessoas. Tenho tentado criar bolhas de convivências em que eu saiba os riscos envolvidos nestes contatos. Meus pais ficaram isolados por bastante tempo e, agora, estamos tentando uma aproximação consciente e sem abraços ou beijos. Saudades de beijar meus pais. O que me salva é uma garotinha chamada Gabriela que está dentro da minha “bolha”. Aos 3 anos, ela é a alegria que me visita sempre e que faz todo o meu coração ainda acreditar que o amor é mais gostoso com beijos e abraços.
Hospitais – Até agora, somente uma vez tive diarreia sem causa aparente o que me fez fazer o teste. Mantive o isolamento até receber o resultado negativo. Vou às consultas agendadas e aos exames regulares. Não posso adiar esse cuidado. Mas sempre com muita atenção e limpeza sempre.
Alimentação saudável – Desde que fiz minha reeducação alimentar no Vigilantes do Peso, comer mudou de sentido. Hoje sinto prazeres com receitas deliciosas de comida de verdade. Não abro tantas caixas para me alimentar. Em casa, reduzi drasticamente os itens que tentam meus bons hábitos. Mesmo assim, meu marido continua comprando garrafas e mais garrafas de refrigerantes zero e pão francês. Difícil dizer não. Já expliquei que eu devida ficar longe destes itens mas vivo em família e…vocês sabem que não é nada fácil ter diabetes e enfrentar as barreiras que existem dentro da nossa própria casa. Adorei o mamão como auxiliar da minha digestão e felizmente tenho tido melhoras nos sintomas que tive de uma possível gastroparesia. Que sensação terrível.
Limpeza – Felizmente os hábitos com relação a limpeza do ambiente ao meu redor tem se mantido até agora. O álcool gel e o álcool 70% agora são itens da cesta básica. Gosto de manter tudo o que toco bem limpo. Creio que por toda este cuidado e atenção – e um pouco de sorte também – até agora minha família não foi contaminada pelo vírus. Que isso continue até a vacinação.
Enfim…seguimos em frente! Obrigado por você que tem me acompanhado até aqui. Seguiremos juntos por toda esta terrível fase e além!
*Lamento a perda de tantas vidas pelo coronavírus. Solidariedade a todos que perderam entes queridos.Que logo tenhamos acesso à vacinas ou a um tratamento eficaz. Que Deus nos proteja e nos ampare!
Sou jornalista e tenho diabetes há 36 anos. 